Eficiência Energética e Indústria 4.0
Publicado em 17 de julho de 2020
Durante a palestra IoT, Indústria 4.0 e Eficiência Energética, o Engenheiro Químico Cláudio Golbach comentou que, no Brasil, a Eficiência Energética é tratada como eficiência energética elétrica (iluminação, cabos, motores). Nesse contexto, a questão térmica é abordada poucas vezes e, para o palestrante, esse é o aspecto em que ocorre um maior desperdício.
Para exemplificar a questão, Cláudio comenta que, ao optar por trocar uma lâmpada, substitui-se uma lâmpada incandescente de 40W por uma lâmpada LED de 9W. Assim, o consumo cai de 40W/s para 9W/s e, ao trocar várias lâmpadas, pode-se economizar 1kW. Em uma siderúrgica, por outro lado, quando o metal é aquecido a 1500 graus em uma panela, a parte externa da panela está em uma temperatura de 350 graus. No entanto, ao mudar o isolamento térmico da panela, ela perde menos calor pelas paredes. Dessa forma, para uma panela típica, de 3m de diâmetro por 3 de altura, ao modificar o isolamento térmico externo, diminui-se a perda de calor pelas paredes da panela. Ao reduzir a temperatura externa de 350 para 300 graus Celsius, a diferença é de 93 kW. Cada panela consome 93kW a mais e, então, perde-se dinheiro por falta de eficiência energética térmica.
O Engenheiro comenta, ainda, que é possível utilizar uma fórmula (XYZ) para calcular o consumo por unidade consumidora, por área, por equipamento ou por dispositivo. Assim, ao definir XYZ, é possível verificar o que pode ser melhorado em termos de eficiência energética. Para tanto, considera-se X como a quantidade consumida atualmente pelo dispositivo. Essa informação que pode ser descoberta por meio da Internet das Coisas (IoT), que possibilita o monitoramento à distância do dispositivo; Y, por sua vez, estabelece a quantidade que poderia ser consumida; Z, por fim, estabelece o custo para atingir a quantidade de consumo X ao invés de Y.
As variáveis X, Y e Z dependem de conhecimento e de investimento e, portanto, pode-se dizer que a eficiência energética também depende de conhecimento e de capital, uma vez que, para monitorar, adquirir conhecimento e agir, substituindo equipamentos ou fazendo melhorias, é preciso investir. Nas palavras do palestrante, é isso que inviabiliza , muitas vezes, a eficiência energética no Brasil.
Golbach comenta, ainda, que a eficiência energética é granular, ou seja, são realizadas várias pequenas ações para atingir um grande resultado. No entanto, estudiosos comentam que, na retomada pós pandemia, a eficiência energética pode ter um papel importante, uma vez que não haverá muito capital para realizar grandes obras mas apesar disso, será possível realizar poucas e pequenas obras e, com projetos de eficiência energética, pode-se alcançar um bom retorno. Além disso, comenta-se que, macroeconomicamente, por meio de eficiência energética mais pessoas retornarão ao trabalho, o que contribuirá com a distribuição de renda.
Por fim, o engenheiro ressalta que, ao unir a indústria 4.0 com a eficiência energética, atinge-se o desenvolvimento sustentável que, por sua vez, abrange a economia, a ecologia e as questões sociais. O momento atual pede que as pessoas, a economia e o meio ambiente estejam envolvidos e trabalhando em conjunto para que a mudança aconteça. Em decorrência da pandemia, 2,8 gigatoneladas de CO2 deixaram de ser emitidas na atmosfera. Apesar disso, após as crises, normalmente ocorre um consumo em pico. Dessa forma, é imprescindível agir para evitar que isso aconteça, aplicando ações de eficiência energética no processo produtivo e assumindo, como consumidores, um papel consciente.
FONTE:
JORNADA DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA. IoT, Indústria 4.0 e eficiência energética na prática. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Tx2lM9vMYZU