Encontro ministerial da agência internacional de energia (AIE) destaca seu papel na governança global de energia
Publicado em 20 de janeiro de 2020
No último mês de dezembro, a Agência Internacional de Energia (AIE) organizou uma discussão internacional sobre o sucesso e os desafios das transições de energia limpa ao redor do mundo. No evento, que antecedeu o encontro mundial da AIE, foram apresentados exemplos do Programa de Transições de Energia Limpa (CETP) da Agência, que já auxiliou mais de 3.800 pessoas de economias emergentes ao redor do mundo em áreas como dados, estatística e eficiência energética.
Lançado em novembro de 2017, o CETP é um esforço ambicioso para acelerar as transições globais de energia limpa. O Programa oferece suporte de ponta independente para governos cujas políticas de energia influenciarão significativamente as perspectivas e a velocidade das transições globais em direção à produção e ao uso de energia mais sustentáveis.
O Diretor Executivo da AIE, Dr. Fatih Birol aproveitou a ocasião para mencionar que, com o apoio dos principais governos, foi possível aumentar significativamente a capacidade da Agência e aplicar as análises desenvolvidas e o conhecimento adquirido nos locais que importam, ou seja, nas principais economias emergentes do mundo. Ele destacou ainda algumas histórias de sucesso do CETP, incluindo a análise de ponta realizada no intuito de auxiliar a China a aumentar a sua participação no sistema de energias renováveis e a contribuição oferecida ao Brasil em seus esforços para melhor rastrear e promover inovações na área de energia limpa.
Os participantes reconheceram o papel da Agência na produção de dados e na realização de análises para apoiar as tecnologias de energia limpa e informar a população sobre as políticas de energia. Alguns dias depois do encontro, nos dias 5 e 6 de dezembro, foi sediada em Paris a reunião ministerial da AIE. Michał Kurtyka, Ministro do Clima na Polônia, mediou o encontro. Fizeram parte do evento os 30 membros da Agência, os 8 países associados (Brasil, China, Índia, Indonésia, Marrocos, Singapura, África do Sul e Tailândia) e dois países que solicitaram adesão ao grupo (Chile e Lituânia). Além disso, em torno de 20 executivos de diversos grupos de companhias energéticas também participaram das discussões.
A AIE é uma autoridade mundial na área de energia e, durante o encontro, a Agência exibiu as políticas de energia, o trabalho que tem sido feito e as decisões de investimento que ocorreram ao redor do mundo, utilizando por base os dados oficiais, uma análise rigorosa e a realização de recomendações políticas objetivas. Além disso, a AIE também fornece soluções que têm um impacto positivo no mundo, com esforços para assegurar uma energia segura e sustentável para todos.
Em um comunicado ministerial conjunto, os ministros da AIE enfatizaram a importância da segurança energética, das transições de energia e da expansão do alcance mundial da Agência. Além disso, eles aprovaram uma nova parceria estratégica com a Índia, que pode servir como caminho para eventuais filiações de membros na AIE, o que foi considerado um marco de desenvolvimento para a governança global de energia. O comunicado reconheceu a importância de buscar transições de energia, a fim de resolver questões e desafios globais complexos, como é o caso da segurança energética, das mudanças climáticas, da eficiência de recursos, do consumo sustentável, da produção e do acesso à energia. Ele abrangeu, ainda, a importância da proteção climática e o comprometimento com o Acordo de Paris, por parte dos países que escolheram implementá-lo, observando os recentes comunicados do G20 a esse respeito.
Seguindo essa linha, o encontro mundial teve por tema “A Construção do Futuro da Energia” e os ministros e delegados levantaram uma gama de questionamentos, com ênfase nas transições aceleradas para as tecnologias de energia limpa e na crescente ambição para combater as mudanças climáticas. Eles também destacaram a importância de impulsionar a integração regional e a colaboração internacional de energia.
Os ministros dos países membros da AIE aproveitaram a ocasião e trouxeram contribuições para alavancar as discussões no decorrer dos dois dias de evento. O Ministro Dinamarquês de Encontros Econômicos e de Políticas do Clima, Eric Wibes e o Ministro Japonês de Economia, Indústria e Comércio, Yohei Matsumoto, compartilharam uma discussão de alto nível sobre formas de expandir as indústrias de hidrogênio e de baixo carbono em todo o mundo. Durante o encontro, o Ministro Brasileiro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, anunciou publicamente, pela primeira vez, o Plano Nacional de Energia 2050, um estudo para o planejamento de longo prazo do setor energético do Brasil.
Segundo o Diretor Executivo da AIE, Dr. Fatih Birol, o “encontro ministerial afirma o papel da AIE no coração da governança energética mundial” e, por isso, “liderar transições de energia limpa ao redor do mundo é a questão-chave para a AIE. Esse é um trabalho urgente, mas complexo. Não há uma única e simples solução: precisamos de ajuda de todas as energias para nos auxiliar a enfrentar nosso desafio com as mudanças climáticas”.
Birol afirmou ainda que o dever da Agência é assegurar que, durante as transições, as fontes de energia sejam seguras e os preços de energia sejam acessíveis para os consumidores e, além disso, “é importante que as mudanças aconteçam de forma justa para os cidadãos e nações ao redor do mundo”.
Uma série de acontecimentos especiais se desenvolveu durante o encontro. Além das transições de hidrogênio e energia limpa, eles abrangeram a necessidade de expandir o papel e a participação das mulheres na energia, o crescimento da importância da África no sistema global de energia e as oportunidades para aumentar o uso da captura de carbono, o armazenamento e as tecnologias de uso.